terça-feira, 12 de julho de 2011

Bom dia, enfim são 11 horas.



      É tentando me encontrar que me perco mais ainda.


      -  Já reparou as horas? Parece que meu relógio se transformou em um objeto de tortura, os segundos se resumem nas horas tardias e arrastadas, é agoniante.

      Queria eu poder não temer o que cresce em mim gradativamente, ou simplesmente deixar de lado o que me entristece, o que me dói, achei que fosse diferente pós uma cura tardia do que vivi outrora, mas sei que não posso arrancar-me “isto”, não agora, assim como não posso tirar-me os braços, o coração, a cabeça.
      Digo que “aquilo” esta mais impreguinado em meu corpo do que a nicotina dos últimos dias.


      - Você esta bem? Sua voz esta mais fraca, esta mansa, triste.

      Ao decorrer destes tempos pálidos, de dias pesados e melancólicos, vou usando de artimanhas para trapacear nos joguinhos que minha mente insiste em te deixar ganhar. Vou tentar então levar meu pensamento a qualquer lugar em que você não tenha vez, nem faça morada, que não tenha vestígio de gosto ou cheiro seu, no momento é necessário deixar de ouvir algumas canções.
      O que tenho aqui são minhas palavras, mais frias e secas do que o clima atual, embebidas em qualquer salvação viciosa, elas são meu abrigo, meu refúgio, meu conforto pessoal e intransferível, não substituem nosso dialogo, mas é melhor do que o nada.


      - Está sentindo frio? Quer meu casaco? deve ter o perfume meu e seu misturado de quando o usei antes ontem se não se importa, não tive tempo de lavar algumas coisas.


      Julho nunca foi tão frio, e minhas noites nunca foram tão longas e lúcidas, eu queria sonhar, mas o que tenho é só um enredo fatigado de um filme mal acabado, os personagens parecem mesmo mimicos, tantas espressões de um mundo colorido pelo sol se reduzindo ao mínimo para um cotidiano pardo e mudo, meus olhos não querem se fechar e nem meu peito aquietar.

      - Escute o vácuo que fica neste silêncio, você tem medo? Eu tenho!

      Não me lembrava como era sentir “isso”, não vou nomear, vou deixar essas colocações pra último caso, acreditar até os segundos finais no que ainda existe, e cultivar, colher ou não cabe ao acaso, ao futuro, ao destino.
      Ainda lhe tenho palavras a serem destrinchadas, largadas, soltas saltitantes, elas querem sair, insistem, gritam sufocadas dentro  de mim. Vou deixar palavras imprecisas ou exatas ao me expressar em um bilhete qualquer, deixar sempre meio rabiscadas, borradas, subtendidas, ou manter guardadas para que sejam só nossas.
      Ainda lhe guardo no meu dia a dia, no meu intimo, no meu físico, e em uma caixa no meu guarda roupa. Nossa vida agora em preto e branco sempre vai me lembrar filmes franceses de enredo dramático, mas de final feliz.

      - O tempo agora insiste em tardar a passar, percebe o quanto ele é precioso agora?
      - Enfim, deixa pra mais tarde.
      - Dois capuchinos com creme, açúcar e com afeto, por favor.

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