terça-feira, 18 de setembro de 2012

De todas as lamentações


      Vou movendo meus dedos em contornos inexplorados, é uma sensação boa, atar uma pele quente a outra, sentir o cheiro, ouvir os suspiros, sentir toda aquela força recíproca evidenciando que os corpos explodem em prazer.
      O habito, o vicio e necessidade lhe rasga a alma como quem lhe quisera ver morto, e seu corpo treme.
      Ainda estou perdido, e a percepção disso é bruta, aquele aroma me impregnando de ponta a ponta, me despertando sensações delicadas que dão indícios de atos passados, dando-me certezas que eu realmente não fazia questão de ter. Mesmo embalado naquele vaivém morto-vivo me deixo, perco-me nos lapsos de pensamentos que outrora deixara pra traz.
      Uma hora ou outra tuas mordidas ou lambidas me fazem aceitar que eu quero o que me dispõe, que basta somente aquele momento e pronto, você me promete a calmaria e eu lhe retribuo com essa tempestade negra. Talvez eu tenha que me molhar, sentir um pouco mais de frio, para apreciar de forma merecida seu afago.
      
      - NÃO! Essa atitude de estar sempre certo nem lhe pertence, isso é um detalhe de quem já sumiu para além dos meus olhos, e que me foge a lembrança por força de vontade minha. Eu tento não lembrar e às vezes até me esqueço.
Eu sei que suas palavras se mantiveram tão firmes quanto sua expressão fria fácil, era tudo que me oferecia naquele momento, trechos de diálogos sem nexo, frios e tristes para que se tornassem nostálgicos enfartos futuros escritos por mim.
Eu tenho degustado amargo o desfrute frouxo da língua de outros que se entrelaçam as pernas das histórias contadas sobre ele, sobre o nosso caso, meu e teu drama de teatro mágico mexicano.
Depois de tanto, temo o amanhecer e ainda não encontro uma paisagem firme que me dê à ideia de que estou lúcido, que nossas histórias são tão reais quanto aos mosaicos dos raios de sol me queimando o rosto fazendo secar a magoa.


      - Sim, elas secam e esvaíram. Sentimos-nos renovados.
Não tente seguir este mesmo caminho, não se pode viver a vida de amor, prazer ou ideais fragmentados, não se pode sentir pela metade, viver pela metade jamais será viver. Minha vontade de permanecer vivo, firme e feliz é do tamanho deste espaço vazio que vocês um dia habitaram e que vou preenchendo.
     
      - Eu que fui tanto, me pego pensando em quem agora sou (sem você).
Talvez seja só a saudade arrastando meu coração, meu coração não mente, ele soa exatamente como meu eu se sente quando penso em você.


“Pela paz faça mais do que espera receber.”