domingo, 26 de fevereiro de 2012

Abrigo de papel


Sempre que aproximar-me de ti, e estender-lhe os braços para um abraço pesado de saudade, farei sabendo que teu calor e cheiro nostálgico já são reconhecidos pelo meu sistema sentimental a léguas de distância, é engraçado como podia senti-lo mesmo quando você não esta aqui fisicamente, teus artifícios naturais me remetem a duas linhas distintas de sensações controversas. E em primeiro momento, o tempo vai desacelerar E nada mais existirá se não aquele ato único, naquele instante imediato irei te amar como ao início daquele nosso primeiro café.

- Com açúcar e muito afeto, por favor!?
Traga quente se possível, o deixe esfriar gradativo como nossos planos. Ao final não sei quanta açúcar realmente ingeri, ou quanto vagarosamente esfriou nosso café, não sei quando a cama começou a permanecer arrumada por mais tempo, acho que foi quando comecei a fumar e a beber mais. Mas por fim o veio o fim, e agora me pego imaginando se você ainda é a mesma pessoa, se teus sapatos são os mesmos, se o cabelo esta arrumado, com quem você esta agora, se não com qualquer um que não seja eu?

 Sei que por um infinito de tempo incalculável vou sentir esse amor destruidor me arranhando das entranhas até todas minhas extremidades trêmulas, eu fico meio tanto quando penso nesse lance de começo de “tudo” a caráter de romance cinematográfico, ninguém nunca disse estar apaixonado por mim depois de me dizer o quanto meu tipo de amor era diferente do seu, acreditei que você realmente nunca se declinaria a mim de tal modo, sei que provavelmente fiquei arco-íris pela freqüência que devo ter mudado de cor quando da tua boca soava com mais exatidão a peculiaridade de todo aquele “enrola-enrola”. Mas isso tudo se perde em meados de qualquer outra coisa que me tire atenção daquele abraço terno, no momento seguinte a próxima cena seria quase tal um filme incolor, nada de arco-íris, ou açúcar, muito menos afeto, minha raiva por você estar tão perto e tão longe é maior que meu amor de momento, esse teu receio de me ferir com suas palavras mal colocadas, me destrói de fora pra dentro, minha face se fecha, meus olhos se turvam, e meus sorrisos estão acabam se escondendo atrás de sorrisos de outras pessoas. Nunca irei entender porque me pediu pra partir, mas meu respeito é maior que orgulho, de certa forma eu fui.

- Já reparou nessas lágrimas?

Não, não entenda que estou lamentando esse vazio que fica enquanto olho declinado da janela, as noites sempre são mais tristes do que de comum desde então, só estou desesperado com essa saudade que tarda a passar, se pelo menos tivesse ido e levado contigo não só a parte boa, mas também as partes ruins, te veria agora como meu herói favorito, infelizmente heróis não existem, real mesmo é algo que se chama determinação, realismo, estou sendo rígido comigo mesmo quando me obrigo a prometer ou a encenar pra mim com tanta veridicidade e por tantas vezes que acabarei não tento mais que rezar pedindo que esse amor morra em mim, minhas mentiras serão convicções, mentiras sinceras talvez realmente me interessam. Às vezes pareço ser outra pessoa, mas creio ser o teu reflexo ainda em mim, eu sei quem sou, por isso ainda tantas dúvidas.

- Amor morre?

Olha esse relógio em um tiquetaquear infinito, parece que o tempo insiste em me manter acordado, meus olhos estão estatelados, já se vão umas quantas noites que insisto em pensar sobre um retorno de lugar nenhum, essa miragem insana dedicada a me fazer sentir com estomago embrulhado, eu sempre prefiro as borboletas, esses besouros na barriga me fazem querer vomitar. Aquele relógio velho parece deixar todo um mundo de lado, os conflitos vão se esvaecendo a cada baforada, meus planos futuros estão a brincar em meus dedos. Você soube durante todo esse tempo que amamos de formas diferentes e nunca me disse.

-E eu?
-Ainda estou tentando aprender sobre.
- Será que a gente sentiu a mesma coisa? Estamos presos a pontos de vista diferentes.

Eu sei que poderia te encontrar agora, mas me dedico simplesmente a pensar onde você esta, talvez na cama de alguém, talvez preso em uma fé cega de que estará em segurança nos braços de qualquer que seja. Mudar agora pra mim será indiferente, mas talvez tua parte sã ainda caiba pra felicidade de um próximo amor de estação.
Aquieta-te por ai, parece que é mais distante do que eu pensava seu novo lugar, deve ser saudade, a física controversa impõe que esses dois corpos de pólos opostos, mas tão semelhantes se mantenham distantes.
                Você parece um câncer ligeiro, sem cura, eu posso sentir lhe corrompendo meu íntimo, é cruel seu jeito manso de admirar meus lábios enquanto converso, ou de tocar me indiferentemente delicado enquanto me seguro para não arrancar lhe um tasco de pele em uma mordida ou outra, penso até que por momentos sua mente planejou um beijo súbito, você deveria ter aprendido a frear antes de começar dirigir-se a mim, não sou tão sábio ou tão paciente para esperar boa vida desde então, me exalto, me estrago, me deixo ir pela maré de infinitos sentimentos que ainda ontem repudia ver em alguém, mas quando se têm câncer você passa há admirar seus dias com mais cautela e inconseqüentemente quer viver cada segundo sendo aproveitador extremo de todos os detalhes que não lhe instigava viver até que alguém venha abrir-lhe os olhos.
                Descanse em sossego, este caminho é pedregoso demais para arriscar-me pisar tantas vezes, não que eu seja medroso, mas prefiro caminhar sobre campos mais aveludados, você deve saber o quanto mais preciso disso, o quanto mais sensível sou, acho que sempre se lembrará de minhas palavras e às vezes até sentirá falta de ouvir, leia cartas antigas e se inspire a aventurar, ouça canções que gostaria sentir, e tente chorar de emoção, dedique-se a viver mais e mais.
                Vou continuar escrevendo sempre que esse sentimento inquietar meu ser. Pode demorar dias, meses ou até anos para que eu aprenda a caminhar sem olhar pra trás, pode demorar que eu aprenda a andar mais devagar, ou pode ser que eu morra tentando viver o que alguns nem mesmo terão a dádiva de conhecer.

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